Conto: O País das Quimeras

A historia conta de um jovem com seus 20 anos apaixonado  e que para sobreviver necessita vender suas poesias.
  Suas poesias falavam de amores leais e pudicos ,nos importunos amorosos e amores contrários à tragédias e asneiras esse era o espírito do poeta , o que não agradava.
   Assim o jovem tem uma visão e viaja para o céu.
   O conto trata de uma viagem feita pelo poeta ao País da Quimera, onde foi conduzido por uma fada que voava e o levava para conhecer o país.
   Em sua chegada depara-se com o Rei onde é apresentado como filho da terra.
  Começa então uma sátira ,onde escrita em terceira pessoa ,que de certo modo alegorizava os maus costumes do país revelados ao poeta por meio de uma viagem maravilhosa ,na qual ele observa o apego às fantasias como fuga e compensação da dura realidade:o culto da aparência ,a vaidade ,a moda ,as formalidades, as exterioridades ,o fumo ,a irrelevância intelectual dos filósofos etc.

Conto: O Relógio de Ouro

Agora contarei a história do relógio de ouro. Era um grande cronômetro, inteiramente novo, preso a uma elegante cadeia. Luís Negreiros tinha muita razão em ficar boquiaberto quando viu o relógio em casa, um relógio que não era dele, nem podia ser de sua mulher. Seria ilusão dos seus olhos? Não era: o relógio ali estava sobre uma mesa da alcova, a olhar para ele, talvez tão espantado, como ele, do lugar e da situação.

Clarinha não estava na alcova quando Luís Negreiros ali entrou. Deixou-se ficar na sala, a folhear um romance, sem corresponder muito nem pouco ao ósculo com que o marido a cumprimentou logo à entrada. Era uma bonita moça esta Clarinha, ainda que um tanto pálida, ou por isso mesmo. Era pequena e delgada; de longe parecia uma criança; de perto, quem lhe examinasse os olhos, veria bem que era mulher como poucas. Estava molemente reclinada no sofá, com o livro aberto, e os olhos no livro, os olhos apenas, porque o pensamento, não tenho certeza se estava no livro, se em outra parte. Em todo o caso parecia alheia ao marido e ao relógio.

Luís Negreiros lançou mão do relógio com uma expressão que eu não me atrevo a descrever. Nem o relógio, nem a corrente eram dele; também não eram de pessoas suas conhecidas. Tratava-se de uma charada. Luís Negreiros gostava de charadas, e passava por ser decifrador intrépido; mas gostava de charadas nas folhinhas ou nos jornais. Charadas palpáveis ou cronométricas, e sobretudo sem conceito, não as apreciava Luís Negreiros.

Por esse motivo, e outros que são óbvios, compreenderá o leitor que o esposo de Clarinha se atirasse sobre uma cadeira, puxasse raivosamente os cabelos, batesse com o pé no chão, e lançasse o relógio e a corrente para cima da mesa. Terminada esta primeira manifestação de furor, Luís Negreiros pegou de novo nos fatais objetos, e de novo os examinou. Ficou na mesma. Cruzou os braços durante algum tempo e refletiu sobre o caso, interrogou todas as suas recordações, e concluiu no fim de tudo que, sem uma explicação de Clarinha qualquer procedimento fora baldado ou precipitado.

Foi ter com ela.(...) 

Conto: Longe Dos Olhos

O comendador Aguiar, pai do bacharel João Aguiar, e o desembargador, pai da jovem Serafina, desejavam muitíssimo que seus filhos se unissem em casamento. Nenhum dos jovens, tinha qualquer inclinação amorosa pelo outro.
Assim, quando o comendador falou claramente com o filho sobre o provável romance, e o moço declarou que não se interessava por Serafina e que amava a formosa Cecília, o velho Aguiar sentiu-se decepcionado e irritado:
"- Tu levas-lhe em dote os meus bens, a tua carta de bacharel e um princípio de carreira. Que te traz ela? Nem sequer essa beleza que só tu lhe vês. Demais, e isto é importante, não se dizem boas coisas daquela família."
O mesmo aconteceu na casa de Serafina, quando esta afirmou que amava o jovem Tavares e que não tinha a menor intenção de namorar João Aguiar.
"- Isto é uma loucura, exclamou o desembargador; esse rapaz (o escolhido) é bom coração, tem carreira, mas a carreira está no princípio, e demais... creio que é um pouco leviano."
Apesar das oposições paternas, tanto o bacharel Aguiar como a linda Serafina resolveram não renunciar aos seus respectivos amores, pensando que, com o tempo, talvez vencessem a resistência dos pais.
Como as famílias do comendador e do desembargador se visitasse com muita freqüência, João e Serafina acabaram fazendo uma boa relação da amizade e, após algum tempo, comentaram o absurdo das intenções paternas e resolveram lutar juntos (os dois pares de namorados) para levar os pais a aceitarem Cecília e Tavares, respectivamente.
"Com o tempo vieram eles (João e Serafina) a fazer-se confidentes mais íntimos: esperanças, arrufos, ciúme, todas as alternativas de um namoro, comunicados um ao outro; um ao outro se consolavam e se aconselhavam em casos em que eram necessários consolação e conselho."
Tanta intimidade fez com que o comendador, certo dia, chamasse o filho para dizer-lhe que todos já haviam percebido seu namoro com a filha do desembargador e que o casamento já poderia ser feito naquele ano. João replicou ao pai que nada havia e sofreu, mais uma vez, a irritação e o repúdio do pai. Porém:
"- Meu pai tem razão, dizia ele às vezes consigo; se eu não amasse a outra, devia amar a esta, que é certamente comparável a Cecília. Mas é impossível; meu coração está preso a outros laços..."
A situação arrastou-se, sem muitas novidades, até que "Serafina recebeu uma carta de Tavares dizendo-lhe que não voltaria mais à casa de seu pai, por este lhe haver mostrado má cara nas últimas vezes que ele lá estivera."
Apesar do desgosto de Serafina com essa atitude do namorado e apesar de ele lhe escrever todos os dias cartas longas e muito amorosa, o rapaz não voltou atrás e realmente deixou de visitá-la.
O único consolo de Serafina eram as confidencias que trocava o filho do comendador:
"- A desconfiança é o único defeito dele, dizia Serafina; mas é grande (...) arreda toda a felicidade."
E João replicava:
"- Eu a esse respeito, não tenho motivo de queixa... Cecília tem a virtude oposta num grau que me parece excessivo. Há nela um quê de simplória..." dois dias depois dessa conversa; "adoeceu levemente o bacharel". E recebeu cartas da namorada e também da confidente.
"Quando ele se levantou da cama, estava bom fisicamente, mas recebeu um golpe na alma. Cecília ia para a roça durante dois meses; eram manias do pai."
Logo que Cecília partiu, João, encontrando-se com a confidente, queixa-se do tempo em que deveria ficar longe da amada, mas logo diz que seria fácil de suportar. Serafina se surpreende, e João justificativa:
"- Sim, conversando com a senhora, que sabe tudo, e fala destas coisas de coração como senhora de espírito que é."
Nessa mesma noite, João sonhou com Serafina e, porque continuou pensando muito nela, "para se castigar desta preocupação, escreveu uma longa carta a Cecília falando muito de seu projetos de futuro."
Quando veio a respostas, em certo trecho dizia Cecília:
"Se eu fosse ciumenta... se eu fosse desconfiada... havia de te dizer agora muito duras coisas. Mas não digo, amo-te e sei que me amas. Mas por que havia eu de dizer duras coisas? Porque nada menos de quatorze vezes falas no nome de Serafina. Quatorze vezes em quatorze páginas, que são todas minhas."
É fácil perceber que, nessas alturas, já havia amor entre João e Serafina. O narrador, porém, ainda alonga um pouco a narrativa, contando que João vai à roça matar saudades da namorada e que, durante os dia em que lá esteve, sentia "uma sombra, uma coisa inexplicável" dentro de si.
"No quarto dia escreveu uma carta à filha do desembargador, que lhe respondeu com outra, e se eu disser à leitora que tanto um como outro beijaram as cartas recebidas, a leitora verá que a história se aproxima do fim e que a catástrofe está próxima."
A catástrofe de que fala o narrador foi a "terrível descoberta" da paixão recíproca entre João e Serafina. "Foi principalmente a ausência que lhes confirmou a descoberta. Os dois confidentes aceitaram esta novidade um pouco perplexo, mas muito contentes."
No entanto, os dois resistiram um pouco, principalmente pela preocupação de não ferir Cecília e Tavares. Serafina foi a que mais resistiu, chegando mesmo a passar alguns dias sem querer encontrar o bacharel João.
Mas "a resistência de Serafina durou o que duram as resistências de quem ama. Serafina amava; no fim de quinze dias abateu as armas. Tavares e Cecília estavam vencidos".
Os dois namorados traídos revoltaram-se e sofreram muito; "afinal Cecília casou e Tavares está diretor de companhia".

Conto: A Teoria do Medalhão 

Este conto é um diálogo que se dá entre pai e filho, após o jantar comemorativo de 21 anos deste. Estando os dois a sós, o pai aconselha ao filho tornar-se um Medalhão, ou seja, alguém que conseguiu conquistar riqueza e fama. Ele passa, então, a tecer uma teoria de como o filho conseguiria isso, aconselhando-o a mudar seus hábitos e costumes, anulando seus gostos e opiniões pessoais. O filho deveria sempre se manter neutro perante tudo, possuir um vocabulário limitado e conhecer pouco, e sempre preferir um humor mais simples e direto ao invés da ironia, que requeria certo raciocínio e construção imaginativa. Após muitos outros conselhos, o pai termina a conversa admitindo que suas palavras têm certa semelhança com a obra "O Príncipe", de Maquiavel, e diz para o filho ir dormir.

Conto: Adão e Eva


Na Bahia, Dona Leonor faz um doce e convida alguns amigos. Quando um convidado pergunta qual o doce, é chamado de curioso.  Inicia-se, assim, uma discussão sobre quem é mais curioso, o homem ou a mulher; e se a perda do paraíso era culpa de Adão ou de Eva. Velozo então conta a história de Adão e Eva.
Segundo ele, o Mundo foi criado pelo diabo, cabendo a Deus ir consertando o que o primeiro fazia de errado. E assim, quando o tinhoso criou a treva, Deus veio e criou  a luz, e assim por diante. No sexto dia, foi criado o homem e logo em seguida a mulher, ambos sem alma e com instintos ruins. Deus entrou em ação, dando-lhes alma e sentimentos nobres, além de um jardim de delícias (o paraíso). E lá Adão e Eva passaram a viver livremente, e agradeceram a Deus por isso. Deus falou-lhes da árvore proibida e das consequências da desobediência.                                                  O tinhoso ficou com ódio quando soube daquilo e mais ainda por não poder entrar no paraíso, onde tudo lhe era avesso. Assim, mandou a serpente para tentar o casal. Primeiramente tentou Eva, foi em vão. Nisso aproximou-se Adão, que também recusou as ofertas tentadoras da serpente. Esta, vendo que nada conseguiu, apressou-se e foi contar ao diabo. E Deus, vendo que Adão e Eva haviam sido obedientes, pediu a um anjo que descesse e os levasse aos céus como recompensa.
Assim, Veloso encerra sua história diante dos olhares atônitos de todos. D Leonor dizia que Veloso os havia enganado com aquela história, que nada daquilo havia acontecido. Então Veloso admite que pode não ter acontecido, mas caso contrário, eles não estariam ali, à mesa, saboreando o doce anunciado.


Conto: A Cartomante

“A cartomante” é a história de Camilo, Rita e Vilela. Vilela e Camilo eram amigos de infância, Vilela era casado com Rita, que mantinha um caso com Camilo. 
Se encontraram durante muito tempo as escondidas, até que Camilo começou a receber cartas anônimas o ameaçando, falando sobre a traição. 
Devido a isso, Camilo resolveu se afastar de Rita. Assim fez com que Rita imaginasse que ele não a amava mais, então ela procurou uma cartomante para saber se ele ainda a amava. 
Depois disso os dois se reencontraram, Rita contou sobre a cartomante para ele e Camilo zombou de Rita pois não acreditava nessas coisas. 
Vilela manda uma carta a Camilo mandando que ele aparecesse em sua casa urgentemente, Camilo fica apavorado logo achando que Vilela descobriu sobre a traição. Quando Camilo estava indo a casa de Vilela, no meio do caminho uma carroça o faz parar bem em frente a casa da cartomante, mesmo não acreditando nessas coisas ele entra pois parecia ser “obra do destino”. 
Ela consultou as cartas e disse que ele não tinha nada o que temer, que Vilela não sabia da traição e que ele e Rita seriam felizes com seu amor.Acreditando na cartomante, Camilo foi até a casa de Vilela, chegando lá se deparou com Vilela transformado e Rita morta, caída ao chão, Camilo é morto pelo amigo que apenas o esperava para vingar sua traição.